Mulheres Acima de 40: Benefícios e Riscos da Creatina
A creatina tem ganhado destaque no mundo da saúde e fitness, despertando interesse em diversos grupos etários, incluindo mulheres acima de 40 anos. Este composto, naturalmente presente no corpo humano, tem influência no metabolismo energético e na performance física. Sua popularidade se deve aos potenciais benefícios para a massa muscular e força, aspectos particularmente relevantes para mulheres maduras que buscam manter sua vitalidade e bem-estar.
Este artigo explora os efeitos da creatina em mulheres acima de 40, abordando desde sua função no organismo até os mitos e verdades que cercam seu uso. Vamos examinar como a creatina pode afetar a saúde feminina nesta faixa etária, discutindo seus possíveis benefícios e riscos. Além disso, forneceremos informações sobre como tomar creatina de forma adequada, considerando as necessidades específicas deste grupo etário.
O que é Creatina e Como Funciona
Definição e Produção Natural
A creatina é um composto de aminoácidos de ocorrência natural, formado pela junção de glicina, arginina e metionina . Ela é sintetizada endogenamente pelo fígado, rins e pâncreas, mas também pode ser obtida através da alimentação, principalmente em carnes vermelhas e peixes. A necessidade diária de creatina é de aproximadamente 2 a 3 g/dia, sendo metade obtida da dieta e o restante sintetizado pelo corpo.
O organismo armazena cerca de 95% da creatina corporal no músculo esquelético, com o restante distribuído no coração, cérebro, retina e testículos. A creatina se encontra no corpo tanto na forma livre quanto fosforilada, sendo esta última conhecida como fosfocreatina (PCr).
Mecanismo de Ação no Corpo
A creatina desempenha um papel crucial no metabolismo energético celular. Ela funciona como um “reservatório energético” para as células, fornecendo energia rápida para ressintetizar o ATP (adenosina trifosfato). Durante a contração muscular, ocorre a catalização da creatina, onde a molécula de ATP perde um fosfato, e a fosfocreatina cede sua molécula de fosfato, causando uma reação reversível.
Este processo, conhecido como sistema ATP-CP ou sistema de fosfagênio, é a maneira mais rápida de fornecer ATP para o metabolismo do músculo esquelético. A enzima creatina quinase (CPK) catalisa esta reação, que é imprescindível para a contração muscular.
Tipos de Creatina Disponíveis
Existem diferentes tipos de creatina disponíveis no mercado, cada um com suas características específicas:
- Creatina Monohidratada: É a forma mais estudada e comprovada, composta por 88% de creatina e 12% de água. Apresenta absorção mais lenta e diluição mais difícil, mas tem melhor custo-benefício.
- Creatina Micronizada: Similar à monohidratada em composição, mas com partículas menores. Isso proporciona absorção mais rápida e menor chance de desconfortos estomacais, porém com custo mais elevado.
- Creatina Alcalina: Apresenta maior estabilidade em solução líquida devido ao pH mais elevado, o que pode auxiliar na absorção. É comercializada em cápsulas e tem custo maior, mas carece de estudos que comprovem sua superioridade em relação à monohidratada.
A creatina pode ser encontrada em forma de cápsulas ou em pó, sendo a escolha dependente da preferência e necessidade do usuário.
Creatina e Saúde da Mulher Madura
A creatina tem influência significativa na saúde das mulheres acima de 40 anos, oferecendo benefícios que vão além do ganho de massa muscular. Estudos recentes têm demonstrado seu potencial para atenuar algumas consequências da menopausa e melhorar a qualidade de vida nesta fase.
Prevenção de Sarcopenia
A sarcopenia, caracterizada pela perda de massa muscular decorrente do envelhecimento, afeta entre 8% e 13% da população acima de 60 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. A suplementação de creatina, associada a exercícios resistidos, tem se mostrado eficaz no combate a esta condição.
Um estudo de 12 semanas com mulheres entre 50 e 65 anos revelou que a ingestão diária de 5 gramas de creatina resultou em aumento no volume de treino e ganho de massa livre de gordura. Outro estudo, realizado durante 32 semanas com adultos acima de 50 anos, identificou melhoras significativas na força, resistência ao treinamento e ganho de massa magra com a ingestão de 0,1 grama de creatina por quilo de peso corporal.
Melhora na Função Cognitiva
Além dos benefícios físicos, a creatina tem impacto positivo na função cognitiva. Ela desempenha um papel fundamental na saúde do cérebro, auxiliando na manutenção da função mental e da clareza durante exercícios e atividades diárias.
Estudos sugerem que a creatina pode melhorar o processamento cognitivo em condições que favorecem o déficit dessa substância no cérebro, como privação de sono, lesão cerebral traumática, envelhecimento natural, Alzheimer e depressão. A suplementação de creatina tem se mostrado eficaz para melhorar a performance cognitiva, a atenção e a memória, auxiliando no combate ao nevoeiro mental.
Impacto na Menopausa
A creatina tem se revelado uma aliada importante para mulheres na menopausa. Ela atua contra diversos declínios pertinentes a esse período, combatendo a perda de massa muscular, massa óssea e força, além de reduzir a inflamação, o estresse oxidativo e marcadores sanguíneos de reabsorção óssea.
Um estudo publicado em 2021 na revista Nutrients mostrou que o uso da creatina pode aumentar a composição corporal e a densidade mineral óssea de mulheres nessa fase da vida, além de melhorar o humor e a função cognitiva. A nutricionista Ramiele Calmon, especialista em climatério e menopausa, destaca que a creatina atua na preservação da massa muscular, aumentando também a força e a resistência, o que pode evitar o risco de fraturas e doenças mais graves, como a osteoporose.
Além disso, a creatina tem mostrado efeitos positivos no sistema nervoso central, contribuindo para melhorar a bioenergética cerebral e favorecendo a ação dos neurotransmissores. Isso auxilia no combate às mudanças de humor, ansiedade e depressão, além de melhorar a qualidade do sono.
Mitos e Verdades sobre a Creatina
Creatina e Ganho de Peso
A creatina tem influência no ganho de massa corporal, mas não necessariamente na gordura corporal. Estudos mostram que o aumento de peso está relacionado ao ganho de massa magra e à retenção de água intracelular. Esta retenção pode conferir uma aparência de inchaço, mas é resultado do transporte de mais nutrientes para dentro das células.
É importante notar que a creatina em si tem valor calórico mínimo e não causa aumento de gordura corporal. O ganho de peso excessivo devido à retenção de água só ocorre com altas doses de creatina combinadas com alta ingestão de carboidratos.
Pesquisas têm demonstrado consistentemente que a suplementação diária de creatina a longo prazo é segura quando consumida nas doses recomendadas. A dosagem ideal varia de acordo com o indivíduo, mas geralmente fica entre 3 e 5 gramas por dia para manutenção.
Para saturar os estoques musculares de creatina, existem duas estratégias principais:
- Dose de carga: 20 gramas por dia durante 5-7 dias, seguida de uma dose de manutenção de 5 gramas por dia; ou
- Ingestão gradual: 3 gramas por dia durante aproximadamente 28 dias.
Eficácia em Diferentes Idades
A creatina tem se mostrado eficaz em diferentes faixas etárias, incluindo idosos. Estudos indicam que a suplementação de creatina pode melhorar a força muscular e a performance em treinamentos de resistência tanto em adultos de meia-idade quanto em idosos.
Para pessoas mais velhas, a suplementação de creatina pode ser especialmente benéfica, pois o corpo tende a produzir menos creatina com o envelhecimento. A dosagem recomendada para idosos geralmente está entre 3 e 5 gramas por dia, mas pode variar de acordo com o peso, altura e condições de saúde individuais.
A combinação de suplementação de creatina com treinamento de resistência tem demonstrado resultados positivos na melhora da força muscular, massa magra e performance física em mulheres mais velhas. Isso pode ser particularmente útil no combate à sarcopenia e na manutenção da saúde muscular durante o envelhecimento.
Conclusão
A creatina tem uma influência significativa na saúde e bem-estar das mulheres acima de 40 anos. Ela tem um impacto positivo na prevenção da sarcopenia, melhoria da função cognitiva e alívio dos sintomas da menopausa. Além disso, a creatina demonstra ser segura para uso a longo prazo, quando consumida nas doses recomendadas, oferecendo benefícios que vão além do ganho de massa muscular.
Para concluir, é essencial lembrar que a suplementação de creatina, combinada com exercícios regulares, pode ser uma ferramenta valiosa para mulheres maduras que buscam manter sua vitalidade e qualidade de vida. No entanto, como com qualquer suplemento, é sempre aconselhável consultar um profissional de saúde antes de iniciar seu uso, para garantir que seja adequado às necessidades individuais e condições de saúde específicas de cada pessoa.
Busque sempre orientação médica antes de iniciar qualquer suplementação.
Perguntas Frequentes:
- Como a creatina atua no organismo?
A creatina tem um papel importante no cérebro, onde uma parcela dela está naturalmente presente. Ao suplementar com creatina, há uma melhoria nas funções cognitivas e no desempenho mental, o que é benéfico para diversas atividades diárias. - Quais são os benefícios de consumir creatina após os 40 anos?
Após os 40 anos, a creatina pode ser particularmente útil para mulheres, especialmente durante a menopausa. Os benefícios incluem a preservação e o ganho de massa muscular, essenciais para combater a sarcopenia, a manutenção da massa óssea, que ajuda na prevenção da osteoporose, e vantagens cognitivas, que contribuem para minimizar o declínio cognitivo associado à menopausa. - Existem efeitos colaterais no uso de creatina por mulheres?
Sim, os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, diarreia, cãibras e desidratação. Mas esses sintomas variam conforme o organismo de cada pessoa. Além disso, o uso excessivo de creatina pode sobrecarregar os rins e o fígado. - Qual é a relevância da creatina durante a menopausa?
Durante a menopausa, a creatina é especialmente importante devido aos seus efeitos sobre a função cognitiva. Estudos indicam que ela pode ajudar a combater o declínio da memória, um problema comum nesta fase, contribuindo para a reversão dessa degeneração cognitiva.
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Fontes utilizadas neste artigo:
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- https://salomaozoppi.com.br/saude/creatina
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- https://www.oceandrop.com.br/blog/creatina-para-a-menopausa
- https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/08/06/o-que-e-sarcopenia-creatina-e-exercicios-podem-ajudar-a-evitar-perda-de-massa-muscular.ghtml
https://unifan.net.br/wp-content/uploads/2022/12/A-RELEVANCIA-DA-SUPLEMENTACAO-DE-CREATINA-COMO-TRATAMENTO-DA-SARCOPENIA-NO-IDOSO-1.pdf - https://www.boticaderossi.com.br/blog/post/os-beneficios-da-creatina-para-mulheres?srsltid=AfmBOoo55vP4WblvbXsAfEvqDEp_0vVgz2xPL5aCrb-X_RNZT1R1MW_-
- https://www.cnnbrasil.com.br/saude/creatina-na-menopausa-veja-beneficios-e-como-tomar/
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- https://lifeproductsbr.com/blogs/news/creatina-para-mulheres-beneficios-usos-e-muito-mais
- https://nutmed.com.br/nutricao-clinica/creatina-para-pacientes-idosos/
- https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1866